Livro: O julgamento de Gabriel
Autor Sylvain Reynard
Editora Arqueiro
384 páginas
Às vezes até o amor mais puro pode ter consequências devastadoras!
Este é o segundo livro da
trilogia produzida por Sylvain Reynard. O primeiro é “O inferno de Gabriel”, já
resenhado pela minha amiga Amanda, aqui no blog.
Aparentemente, Gabriel fez tudo
certo ao consumar seu relacionamento com a sua amada e aluna Julianne somente
quando deixou de ser seu professor, ao final do ano letivo. Ainda assim, o
romance passou a ser ameaçado quando aconteceu a denúncia junto ao Comitê
Disciplinar da Universidade.
Ambos ficam sabendo do problema
quando voltam da viagem romântica que haviam feito à Itália, onde Gabriel
ministrou uma palestra importante. Nesta ocasião, apresentou Julianne como sua fidanzata (noiva). Infelizmente para os dois, um antigo conhecido de Christa
Peterson estava por lá e a moça acabou sabendo deste “noivado”.
Quando começam a ser
investigados, a carreira acadêmica de ambos passa a correr risco. Julianne pode
perder sua vaga em Harward e Gabriel pode perder seu emprego como professor de
Pós Graduação, em literatura italiana, especificamente sobre Dante Alighieri. Na tentativa de solucionar o problema,
Gabriel assume a responsabilidade toda para si, mas uma série de mal entendidos
separa os dois namorados.
Julia mais uma vez se sente
abandonada pelo seu amado, assim como aconteceu no pomar quando tinha seus 17
anos. A sensibilidade e o carinho de Paul serão essenciais para Julia passar
por este momento. E aí é que pode
acontecer algo mais entre os dois e Julia deixar de vez o relacionamento
conturbado com Gabriel. Será que Paul vai convencê-la a aceitar seu amor?
O caso de amor entre Gabriel e
Julianne é uma bonita história, o cuidado que ele tem com ela chega a ser
comovente. Mas confesso que acho um pouco entediante aqueles diálogos melosos
entre os dois. A observação, claro, não serve para os momentos tórridos de
erotismo, como quando eles se encontram grudados na parede do museu.
Outro ponto forte do livro é o caminho
que Gabriel percorre para se redimir de seus erros passados. Gosto muito desses
momentos de reflexão do personagem, principalmente pela forma como o autor
insere sua mãe adotiva e a filha Maia na narrativa. Ficou surreal e, ao mesmo
tempo, muito delicada a reconciliação consigo e com as duas pessoas importantes
que perdeu.
A parte cultural que o livro traz
também é muito interessante: temos Botticelli já de cara na palestra, seguida
de uma aula de literatura envolvendo a descrição de Beatriz, a musa de Dante.
“Embora ela dispense apresentações, permitam-me observar que Beatriz
representa o amor cortês, a inspiração poética, a fé, a esperança e a caridade.
Ela é o ideal de perfeição feminina ao mesmo tempo inteligente e compassiva,
repleta do tipo de amor altruísta que só pode vir de Deus.”
Descrições como esta e outros
trechos que mencionam a história de amor entre Beatriz e Dante, enquanto se
desenvolve a história de nossos
protagonistas, são o ponto alto do livro, segundo a humilde opinião desta
professora de literatura que assina a resenha. O autor traça o paralelo de
Julianne como a própria Beatriz. As características de uma coincidem com as da
outra. Assim como Gabriel é comparado a Dante.
A presença de Christa, neste
segundo livro, é rápida, mas marcante. Assim como toda vilã, Christa Peterson apresenta
uma personalidade complexa, pois embora tenha nascido em berço de ouro, tem um jeito todo peculiar de trocar sexo por
objetos de valor, como uma cortesã, ainda com a vantagem de se entregar apenas
a quem lhe interessa. O único que não a aceita é Gabriel e, é justamente por
isso, que ela planeja sua vingança contra o casal. Para se aliar a ela, surge
Paulina, que tenta de tudo para afastar os dois namorados e se reaproximar de
Gabriel.
Devo dizer que, apesar de
Julianne ser uma personagem um tanto imatura e
irritante, o livro é gostoso de ler. Trata-se daquelas leituras leves,
cativantes, em que ficamos esperando o momento em que o casal vai se acertar.
Indico para aquelas pessoas de personalidade romântica.
Até a próxima!
P.S. Curiosidades sobre o autor:
Sobre o autor (2013)
Quase nada foi divulgado sobre a verdadeira identidade do autor por trás do pseudônimo Sylvain Reynard. É canadense, já escreveu vários livros de não ficção e tem um profundo interesse pela arte e pela cultura renascentistas. Embora declare ser do gênero masculino, seus fãs têm uma forte suspeita de que, na verdade, S.R. seja uma mulher. Semifinalista do prêmio Goodreads Choice Awards de Melhor Autor em 2011 e 2012 e de Melhor Romance em 2011, 2012 e 2014, Reynard apoia diversas instituições de caridade e acredita que a literatura ajuda a explorar os vários aspectos da condição humana, como o sofrimento, o amor e a redenção. Sua trilogia O inferno de Gabriel já vendeu mais de 200 mil livros no Brasil. www.sylvainreynard.com