Você sempre sonhou em se tornar um escritor. Na escola, vivia escrevendo textos, criando histórias e pedindo para seu professor de Língua Portuguesa ler, corrigir e dar sua opinião. Já criou uma página no facebook, um blog, um canal do you tube onde posta seu material e pede para o pessoal curtir. Está terminando seu primeiro livro, já terminou ou está publicando.
Excelente!
Você sempre esteve no caminho certo. E posso garantir que você é um bom leitor.
Por quê? Porque para ser escritor, antes
de tudo, é preciso ser leitor.
Com
certeza, você conhece Machado de Assis. Se posso dar minha opinião, não há
escritor brasileiro que o tenha superado em sua genialidade. Mas, antes de se tornar esse excelente
escritor, ele sempre foi um ótimo leitor. Machado era filho de pessoas
humildes, porém desde bem novo, procurou se instruir, pedia livros emprestados,
solicitava lições de francês ao padeiro do bairro onde morava, frequentava
livrarias, era amigo de escritores conhecidos da época: Joaquim Manuel de
Macedo, José de Alencar Casimiro de Abreu.
Além
do mais, tinha seus escritores favoritos: lia o filósofo Shopenhauer e os
ficcionistas Flaubert e Balzac. Sem contar sua experiência com as leituras das
peças de Shakespeare, o que promoveu sua experiência como crítico teatral e
literário.
Enfim,
o famoso autor de Memória póstumas de
Brás Cubas era um apaixonado por livros, assim como muitos de nós somos
hoje. Afinal, quem nunca se inspirou por algum trecho de um clássico? As
histórias de vampiros de hoje não são uma retomada ao instigante Drácula, de Bram Stoker? E mesmo Stoker
se baseou em outras leituras. Nos três anos que levou para escrever
sua obra-prima, pesquisou bastante sobre vampirismo e leu alguns livros sobre o
tema, como O Vampiro, de
John Polidori.
O que dizer então das distopias atuais? Tudo começou
com o clássico Admirável mundo novo,
de Aldous Huxley. Um governo totalitário em que todos idolatram Ford (o
criador da famosa marca de carros), bebês são criados em laboratório e pessoas não
possuem nenhum livre arbítrio. Ninguém questiona a sociedade e ninguém é
triste, pois recebem uma droga do governo, chamada Soma, para conter os
sentimentos.
A população é
separada por castas de acordo com suas funções (eram os Alfas, Betas, Gamas,
Deltas e Ípsilons). Surge, então, o
homem consciente de que há algo de errado com a sociedade e tenta alertar a
todos. Tudo muito parecido com o que acontece nos livros que se lêem nos dias
de hoje. Os autores atuais terão bebido da fonte de Huxley? Posso garantir que
alguns deles sim, e os outros foram copiando.
Mas não importa. O
que eu quero dizer é que se você almeja ser um bom escritor, precisa ser um bom leitor. E não se
trata apenas da temática, mas também de criar um estilo. No começo, muitos de
nós tendem a copiar um estilo que gosta, não há nada de errado nisso. Depois,
com o tempo e experiência, vamos criando nosso próprio estilo. Nosso “jeitão”
de construir o enredo, os personagens, as marcações de tempo, as descrições de
espaço.
A questão importante
aqui, então, seria: é preciso ter os melhores modelos. Se você acha que ler
apenas os Best Sellers ou outros não tão bests
assim já seria suficiente para ajudá-lo a se tornar um renomado escritor, penso
que este seja o ponto que você deve rever. Procure conhecer bons autores, os clássicos.
Na literatura mundial, há uma porção deles. Posso mencionar alguns e com
certeza, serei injusta com aqueles que deixarei para trás. Dos melhores livros
que li, destaco O retrato de Doryan Grey,
de Oscar Wilde; O morro dos ventos
uivantes, de Emily Bronte, Crime e
castigo, de Dostoiesvski, Sidarta,
de Hermann Hesse, o já citado Drácula,
de Bram Stoker. Entre os autores brasileiros, sou fã de Clarice Lispector e,
como já disse, do próprio Machado, mas também dos portugueses Virgílio Ferreira,
Fernando Pessoa e tantos outros que não daria para citar realmente todos.
Nosso caminho
aponta para o futuro, pois é lá que nos espera o reconhecimento do nosso
trabalho. Mas o momento de se preparar para ser grande é o presente, com nosso
esforço pessoal, nosso aprimoramento diário, nosso conhecimento de mundo. E é
no passado que encontraremos a fonte de inspiração, de criatividade, e por que
não dizer, de originalidade.
Adriana Bizuti
Sábias dicas. Um Não leitor, não pode se tornar um escritor. Conhecimento é a base de tudo. Eu diria em primeiro lugar está a leitura, em segundo, a pesquisa. Com essas duas ferramentas, começa a nascer o escritor. ;)
ResponderExcluirBeijos!
É isso mesmo, Raquel, a pesquisa também é fundamental. Obrigada pelo seu comentário. Beijo.
ExcluirOis,
ResponderExcluirAntes demais parabéns pelo texto, vale sempre a pena fazer estas reflexões.
Embora concorde conheço pessoas que escrevem muito bem e não leram nem metade do que eu já li (reconheço que escrevo mal lol), mas por exemplo num exercicio de escrita - fazer um texto onde tem que conter as palavras corvo, ilha, pirata, lobo, lenço - e ficamos deslumbrados com o texto....tem tambem muito a ver com o talento da pessoa a meu ver, mas concordo quanto mais se lê melhor a pessoa se pode tornar...ou não, pois quem adora um escritor até pode desmotivar ehehe
Bjs e continua ;)
Obrigada pelo comentário, Fiacha. Concordo com você, tem gente que nasceu para escrever mesmo que não precise tanto de modelos. Mas tem um aspecto importante nisso, acho que a pessoa, mesmo assim, é uma leitora do mundo, tem um talento nato para observar e transformar o que vê em palavras. Acredito que a leitura de bons modelos ajude a aprimorar o estilo. As divergências de pensamentos são sempre válidas, disso podem surgir bons debates. Obrigada mesmo.
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